domingo, 15 de novembro de 2009

Livro Budapeste



Quarto livro de Chico Buarque, que o escreveu na sua casa no Rio de Janeiro e

no apartamento em Paris, Budapeste é caracterizado pela história de um
ghost-writer, alguém que escreve o que outras pessoas assinam, artigos
para jornal, discursos de autoridades, autobiografias e, no ápice,
poemas. Um autor anônimo, um brilhante autor anônimo. O personagem
principal de Budapeste é o ghost-writer José Costa que vive no Rio de
Janeiro. É casado com Vanda, que engravidou num momento em que ele se
sentia despojado de amor próprio. Gerou Joaquinzinho. Na qualidade de

sócio-proprietário da Cunha & Costa Agência Cultural, fundada pelo

amigo de infância Álvaro Cunha, seu trabalho é escrever para outras

pessoas discursos, declarações, notas e artigos inteiros que, não raro,

alcançam sucesso, são comentados, forjam jargões, mas o mantêm anônimo.

 Sua solidão, contudo, é relativa. Existem tantos como ele espalhados

pelo mundo que chegam a se reunir em congressos mundiais de escritores

desconhecidos. Na volta de um desses eventos, realizado em Istambul,

Turquia, seu avião é desviado para Budapeste, Hungria, onde pernoita.

 Como ninguém por lá sabe pronunciar José Costa, surge, então, Zsoze

Kósta, um brasileiro apaixonado, ou melhor seduzido, subjugado pela

língua magiar a ponto de passar a viver com a bela Krista, mulher que

lhe ensina o novo idioma. É do diálogo entre os dois personagens que se

alimenta Budapeste.

 José é capaz de escrever sobre qualquer assunto, desde que seja sob a forma

de prosa. Atinge o cume de sua carreira ao criar O ginógrafo, autobiografia

erótica de Kaspar Krabbe, um executivo alemão que zarpou de Hamburgo e

adentrou a Guanabara. No Brasil, aprendeu a

escrever o português no corpo de uma certa Tereza, e mais tarde nos

corpos de prostitutas e estudantes que chegavam a fazer fila para

merecer tal atenção. Na pele de Zsoze, ele só escreve em versos. Assim

que começa a dominar o idioma magiar, cria um livro de poemas, Titkos

Háramsoros Versszakok ou Tercetos secretos, que sai assinado por um tal

de Kocsis Ferenc, poeta em franca decadência. São referências cruzadas

que se repetirão pelo livro.

 Em certo momento, José abandona Vanda no Rio de Janeiro para descobrir-se

Zsoze nos braços de Krista, em Budapeste, e vice-versa. Sempre que está

na capital húngara ou na Cidade Maravilhosa hospeda-se no Hotel Plaza,

nome genérico que obedece à estranha regra de nunca se localizar numa

praça. Mas Vanda acaba se apaixonando pela autobiografia do alemão

Krabbe, escrita por José. Enquanto Krista considera os poemas nada mais

que ?exóticos?, o que leva Zsoze a romper com ela. Esta idéia de

espelhos, simulacros e duplos remete a escritores como Henry James e

Jorge Luis Borges, como sinaliza o onipresente José Miguel Wisnik,

encarregado do texto de apresentação do livro. Aos que se identificam

mais com histórias do que com estruturas, porém, a liberdade de

José-Zsoze em lidar com seus devaneios guarda ecos de Phillip Roth e

Rubem Fonseca nos seus melhores momentos. A diferença é que o

personagem de Chico Buarque se revela voyeur de si próprio e de seus

delírios.

O que chama a atenção em Budapeste, principalmente em relação aos enredos

asfixiantes dos livros anteriores, é a linguagem mais palatável,

sedutora até, com que envolve o leitor para enfim aprisioná-lo numa

armadilha estilística: o que é verdade e o que não é?

Enfim, um romance do duplo e de muita erudição - tão popular na literatura européia do século XIX e XX.







 Chico com o Elenco do filme:
 









terça-feira, 10 de novembro de 2009

Wagner Homem - Histórias de Canções 

                                      Chico Buarque                

                                                        A Banda


As histórias relacionadas às circunstâncias em que são compostas as canções sempre despertam muita curiosidade. O cantor e compositor Toquinho afirma que, durante seus shows, esses fatos chegam a fazer mais sucesso do que a própria música. Às vezes, por falta de informação, o próprio povo cria sua interpretação, que nem sempre corresponde aos fatos.
Quem não gostaria de saber pra quem foi feita esta ou aquela canção, quem é a filha dos versos “você não gosta de mim, mas sua filha gosta” ou ainda o “você” de “Apesar de você”? Ou quem são “Carolina”, “Januária”, a “Morena dos Olhos d’água”, “Beatriz” e outras tantas? Como eram as relações do letrista Chico Buarque com parceiros como Vinicius de Moraes e Tom Jobim que tiveram importância fundamental na sua carreira?

Foi pensando nisso que Wagner Homem, curador do site oficial de Chico Buarque, selecionou uma centena de histórias relacionadas às suas composições.
Engraçadas, tristes, reveladoras ou simplesmente curiosas, essas histórias descortinam o universo em que as canções aparecem e os fatos que a elas se ligam.
Num texto enxuto o leitor poderá conhecer não apenas as histórias por trás das canções, mas também (embora não seja o objetivo principal da obra)um pouco da história recente do Brasil e da personalidade, processo criativo e hábitos dos personagens envolvidos.


Tenha mais informações no site oficial: Histórias de Canções






segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Prêmio Bravo! de Cultura elege os vencedores de 2009

A revista "Bravo!" elegeu na noite de segunda-feira, 26/10,os melhores da cultura de 2009, na 5ª edição do Prêmio Bravo! Prime de Cultura, realizada na sala São Paulo.


Com apresentação de Lázaro Ramos, o evento teve como tema o aniversário de 40 anos dos grandes festivais de música popular.

As categorias e os vencedores da 5ª edição foram:

Exposição individual
"Mar Morto", de Nuno Ramos

Melhor Espetáculo de Teatro
"O Quarto", de Roberto Alvim

Livro
"Leite Derramado", de Chico Buarque

Filme Nacional:
"Terra Vermelha", de Marco Bechis

Melhor Espetáculo de Dança:
"H3", de Bruno Beltrão e Grupo de Rua de Niterói

Show
"Luz Negra", da Fernanda Takai

Show de Música Popular
"Balangandãs", de Ná Ozzetti

CD de Música Erudita
'Neukomm no Brasil', de Ricardo Kanji e Rosana Lanzelotte


A categoria mais esperada da noite foi a de Artista Prime do Ano, nomeado por meio de votação popular, foi vencida pelo ator Selton Mello.


Nesta categoria concorriam Chico Buarque, Cildo Meireles, Fernanda Montenegro, Ferreira Gullar e Nelson Freire.


O prêmio de Personalidade Cultural do Ano escolheu um homenageado entre intelectuais, artistas, produtores culturais que se destacaram em suas áreas de atuação. O vencedor foi Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.

sábado, 7 de novembro de 2009

Livro: Leite Derramado,




Conheça um pouco mais...

Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.
Um homem muito velho está num leito de hospital. Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual. Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos. A visão que o autor nos oferece da sociedade brasileira é extremamente pessimista: compadrios, preconceitos de classe e de raça, machismo, oportunismo, corrupção, destruição da natureza, delinquência.

A saga familiar marcada pela decadência é um gênero consagrado no romance ocidental moderno. A primeira originalidade deste livro, com relação ao gênero, é sua brevidade. As sagas familiares são geralmente espraiadas em vários volumes; aqui, ela se concentra em 200 páginas. Outra originalidade é sua estrutura narrativa. A ordem lógica e cronológica habitual do gênero é embaralhada, por se tratar de uma memória desfalecente, repetitiva mas contraditória, obsessiva mas esburacada.

O texto é construído de maneira primorosa, no plano narrativo como no plano do estilo. A fala desarticulada do ancião, ao mesmo tempo que preenche uma função de verossimilhança, cria dúvidas e suspenses que prendem o leitor. O discurso da personagem parece espontâneo, mas o escritor domina com mão firme as associações livres, as falsidades e os não-ditos, de modo que o leitor pode ler nas entrelinhas, partilhando a ironia do autor, verdades que a personagem não consegue enfrentar.

Em suas leves variantes, as lembranças obsessivas revelam sutilezas ideológicas e psíquicas. E, como essas lembranças têm forte componente plástico, criam imagens fascinantes. É o caso do “vestido azul” comprado pelo pai para a amante, objeto de alta concentração significante. Esse objeto se expande, no nível da narrativa, como índice de elucidação da intriga, no nível fantasmático, como obsessão repetitiva do filho, e no nível sociológico, como ilustração dos usos e costumes de uma classe. Tudo, neste texto, é conciso e preciso. Como num quebra-cabeça bem concebido, nenhum elemento é supérfluo.

Há também um jogo com os espaços onde ocorrem os acontecimentos narrados. As várias casas em que o narrador morou, como as décadas acumuladas em suas lembranças, se sobrepõem e se revezam. Recolocá-las em ordem cronológica é assistir a uma derrocada pessoal e coletiva: o chalé de Copacabana, “longínquo areal” dos anos 20, é substituído por um apartamento num edifício construído atrás de seu terreno; esse apartamento é trocado por outro, menor, na Tijuca; o palacete familiar de Botafogo, vendido, torna-se estacionamento de embaixada; a fazenda da infância, na “raiz da serra”, transforma-se em favela, com um barulhento templo evangélico no local da velha igreja outrora consagrada pelo bispo. Embaixo da última morada do narrador, nesse “endereço de gente desclassificada”, está o antigo cemitério onde jaz seu avô.

Percorre todo o texto, como um baixo contínuo, a paixão mal vivida e mal compreendida do narrador por uma mulher. Os múltiplos traços de Matilde, seu “olhar em pingue-pongue”, suas corridas a cavalo ou na praia, suas danças, seus vestidos espalhafatosos, ao mesmo tempo que determinam a paixão do marido e impregnam indelevelmente sua lembrança, ocasionam a infelicidade de ambos. Os preconceitos e o ciúme doentio do homem barram a realização plena da mulher e levam-na a um triste fim, que, por não ter nem a certeza nem a teatralidade dos desfechos de uma Emma Bovary ou de uma Ana Karênina, tem a pungência de um desastre. Embora vista de forma indireta e em breves flashes, Matilde se torna, também para o leitor, inesquecível.

O fato de nem no fim da vida o homem compreender e aceitar o que aconteceu torna seu drama ainda mais lamentável. Os enganos ocasionados por seu ciúme são tragicômicos, e o escritor os expõe com uma acuidade psicológica que podemos, sem exagero, qualificar de proustiana.

Outras figuras, fixadas a partir de mínimos traços, também se sustentam como personagens consistentes: o arrogante engenheiro francês Dubosc, que a tudo reage com um “merde alors”; a mãe do narrador, que, de tão reprimida e repressora, “toca” piano sem emitir nenhum som; a namorada do garotão com seus piercings e gírias. É espantoso como tantas personagens conseguem vida própria em tão pouco espaço textual. Leite derramado é obra de um escritor em plena posse de seu talento e de sua linguagem.



Leyla Perrone-Moisés
Olá,
Bem vindo ao Blog sobre Chico Buarque,no mometo ele está em 'Construção'
Mas está sendo atualizado.Esse blog é gratuito,onde qualquer pessoa poderá ver as notícias,fotos,músicas,entrevistas,livros,vida e obra,entre outros,desse grande artista.
Terá tambem o 'Artista da Semana',uma matéria exclusiva dos ícones da MPB
ou grandes interpretes da querida música nacional !
Espero que gostem,pois esse Blog foi feito para quem admira uma boa cultura brasileira !

Porque aqui,o artista,é Chico Buarque...
aproveitem esse espacinho que foi feito à vocês...
...aos Chicolatras de Plantão!